A professora Mikaelle Barboza, coordenadora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do campus de Canindé, foi aprovada no Edital nº 04/2025 – Mulheres na Ciência, promovido pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). Mikaelle foi a única docente do Instituto Federal do Ceará (IFCE) contemplada nesta edição do edital, que visava fomentar a atuação feminina nas áreas de ciência, tecnologia e inovação no Estado.

O projeto aprovado, "Laboratório Maker para o ensino de Matemática com vistas à equidade: mulheres na Matemática", propõe a criação de um espaço de aprendizagem inovador, prático e integrado às áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática (em inglês, STEAM). A proposta é voltada para a promoção da equidade de gênero, com foco na formação de professoras da rede pública e no incentivo à participação de meninas e mulheres na Matemática.

“Mesmo com os avanços em relação ao papel da mulher na sociedade, ainda no século XXI, é possível ver dificuldades e desafios enfrentados por meninas e mulheres em relação às áreas exatas, especialmente as áreas de Matemática, Física e Química”, afirma a professora Mikaelle. “O projeto do Laboratório de Ensino Maker busca ultrapassar essas barreiras, especialmente aquelas ligadas ao gênero feminino, para que as meninas e professoras da Educação Básica possam ver na Matemática uma possibilidade de elas mesmas se tornem protagonistas em um papel de liderança da sua própria aprendizagem.”

MÃO NA MASSA

Os projetos aprovados pelo edital da Funcap serão financiados com até R$125 mil, que podem ser usados para despesas de capital e custeio e até 30% do total em bolsas. Para o laboratório maker, isso significa montar o espaço com equipamentos e ferramentas tecnológicas que permitam criação, prototipagem e fabricação de objetos voltados para o ensino e a aprendizagem da Matemática, como impressoras 3D, máquinas de corte a laser, softwares interativos e de programação básica.

Com atuação prevista no IFCE, na Universidade Estadual do Ceará (UECE), na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e em escolas da Educação Básica parceiras, o projeto inclui o desenvolvimento de portfólios online gratuitos, materiais didáticos, kits educacionais e oficinas práticas interdisciplinares. As atividades devem ser realizadas nos municípios de Canindé, Fortaleza, Redenção e Sobral. A equipe executora do projeto é coordenada pela professora Mikaelle Barboza e composta por outras 23 pessoas, dentre professores, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação das três instituições envolvidas.

Além de promover o interesse de alunas da Educação Básica pelas carreiras científicas e tecnológicas, o projeto também busca contribuir com a formação continuada de professoras da rede pública, incentivando práticas pedagógicas que integrem tecnologia e criatividade, além de valorizar a equidade de gênero no ambiente escolar.

“No meu curso de Matemática, das 40 pessoas que estavam cursando, apenas três eram meninas – no caso, eu e mais duas. Dessas três, apenas duas efetivamente concluíram. Apesar dos avanços nos cursos de graduação em Matemática, ainda hoje é possível ver, de acordo com as estatísticas, um número maior de meninos em relação a meninas nos cursos de exatas”, destaca a professora Mikaelle. “Então o projeto vem nessa perspectiva, buscando trazer a mulher para as áreas exatas. Ela ainda sofre muito preconceito na sociedade, os papéis ainda não são equilibrados. E a ideia é que ela possa se sentir capaz de não só aprender Matemática, mas continuar nessa carreira, exercendo futuramente o papel de professora, pesquisadora e seguir firme nessa trajetória.”