Portal Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Ceará

Pesquisadores adaptam teoria para prever geração de energia

Trabalho é considerado essencial para trazer mais segurança às operações de parques eólicos e solares

Publicada em 09/05/2017 Atualizada em 14 de Novembro de 2024 às 15:24

O Ceará é responsável por produzir, em média, a cada mês, cerca de 1.400 MW de energia elétrica, conforme dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Cerca de um quarto do total dessa geração é oriunda de fontes alternativas, como eólica e solar. Os ventos e o sol, típicos da região, são atrativos para investidores, bem como matéria-prima para ajudar a garantir a demanda nacional por energia elétrica.

No entanto, a geração de energia eólica e solar apresenta uma característica que pode trazer riscos à própria produção, a chamada intermitência. Isso quer dizer que a redução da radiação solar ou mesmo a ausência de ventos podem afetar drasticamente a geração, trazendo consequências, inclusive, ao consumidor final. Para que esse tipo de risco seja minimizado, pesquisadores do Instituto Federal do Ceará, campus de Tabuleiro do Norte, decidiram aplicar uma teoria do mercado financeiro para prever a capacidade de geração de energia, em parques eólicos ou solares, no futuro.

A Teoria do Portfólio é utilizada no setor financeiro para que os riscos dos investimentos sejam reduzidos. Com a adaptação, os pesquisadores buscaram aperfeiçoar a previsibilidade, permitindo reduzir erros em relação à previsão de geração de energia em usinas eólica e solar. "O nosso trabalho é pioneiro no Brasil, ou seja, somos os primeiros pesquisadores a adaptar uma teoria do setor financeiro para prever dados de radiância solar e velocidade de ventos. Isso é muito gratificante e significativo no panorama energético nacional", explica Luiz Bessa, um dos estudantes responsáveis pela pesquisa.

Na avaliação do professor Marcello Anderson, coordenador da pesquisa, a previsibilidade é uma variável que influencia os investimentos no setor. O desenvolvimento de métodos que reduzam riscos pode garantir maior segurança aos investidores. "Pra que essa necessidade? Você tem de fazer um casamento da produção de eletricidade com a demanda. Se você tem mais gente consumido, você tem de gerar mais eletricidade", resume.

Para o estudo, iniciado em fevereiro de 2012, foram realizadas medições de dados solares e eólicos em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza. A coleta dessas informações durou um ano. Os resultados da pesquisa serão publicados na revista inglesa IET Renewable Power Generation, uma das principais publicações sobre inovações no setor de energia.

Conforme o Boletim Mensal de Energia, do Ministério de Minas e Energia, referente a janeiro de 2017, a oferta interna de energia elétrica por meio de fontes renováveis chegou a 83%. Do total gerado no País, 6,5% corresponde a energia eólica.