Pesquisa descobre novas aplicações para isopor
Estudante criou materiais para amenizar poluição por petróleo
Publicada em 25/05/2018 ― Atualizada em 14 de Novembro de 2024 às 15:36

Uma pesquisa desenvolvida nos laboratórios do campus de Limoeiro do Norte busca novas aplicações para a reciclagem de isopor. Os estudos são conduzidos pela estudante Myllena da Silva, do curso técnico em Meio Ambiente, sob orientação do professor Phylippe Santos.
A partir de isopor, que seria descartado no meio ambiente, a estudante produziu novos materiais cristalinos que podem ser utilizados para resolver problemas ligados à poluição ambiental por petróleo.
Um dos cristais tem a capacidade de repelir líquidos apolares, como o petróleo. A sugestão é que esse material seja utilizado para revestimento de tanques e tubos de transporte de petróleo e derivados. “Um exemplo é utilizar esse material como película protetora do lastro de navios petroleiros, para reduzir as perdas de petróleo que ficaria impregnado ali. Evitando ainda que o petróleo obtido na lavagem do lastro seja descartado de forma incorreta no meio ambiente”, explica a estudante.
O outro cristal descoberto consegue adsorver o petróleo em água. “Como tem a capacidade adsorver o petróleo, esse segundo material é capaz de resolver um dos maiores problemas ambientais: o derramamento de petróleo no mar. O petróleo é um material caríssimo, seu derramamento causa prejuízos ambientais e econômicos”, destaca Myllena.
Reciclagem do isopor
A pesquisa também descobriu que os novos produtos obtidos do isopor são degradados em menor tempo. “Descobrimos que os materiais obtidos do isopor sofrem um processo de decomposição bacteriana mais acelerado. Assim, reduzimos o tempo de decomposição do isopor, de cerca de 150 anos no meio ambiente, para sete meses.”, detalha.
E mais, Myllena percebeu que, no processo de decomposição, a bactéria excreta a própria matéria-prima utilizada na produção de isopor e de outros tipos de plástico: o óleo de estireno. Desse modo, a pesquisa descreve um ciclo ambiental completo de utilização e destinação do isopor.
Início e desenvolvimento
Toda a pesquisa começou por acaso, depois de um incêndio no laboratório da escola onde Myllena cursou o ensino médio, no município de Iracema. “Fazendo um experimento com isopor e solvente no laboratório da escola, acabei me distraindo conversando com amigos, deixei a reação queimar na estufa. Quando levei o experimento à pia, houve um choque térmico causado pela água, que formou uma espécie de cristal. Na época eu não sabia as possíveis aplicações do material. Foi no IFCE de Limoeiro que descobri quais as utilidades desses cristais”, confessa
Depois do incêndio, a estudante recebeu a punição de ficar afastada por um mês do laboratório. Ela utilizou esse tempo para estudar mais sobre polímeros. No entanto, a pesquisa ficou parada por quase um ano, sendo retomada nos laboratórios do campus de Limoeiro do Norte, após Myllena ingressar como aluna no curso técnico em Meio Ambiente.
Ainda no primeiro semestre, na disciplina Gestão Ambiental Pública, Myllena procurou e explicou a pesquisa para seu orientador, o professor Phylippe Santos. “Em ambiente controlado, nós recriamos o material que ela produziu no incidente em sua antiga escola. Começamos a analisar o material e chegamos a aplicações para a destinação final dos resíduos de isopor, além de novos produtos no mercado para trabalhar com a blindagem ou contingência de vazamento de petróleo”, comenta o professor.
Eventos científicos
A pesquisa de Myllena já foi apresentada e premiada em eventos científicos. Em março, a estudante apresentou a pesquisa na 16ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharias (Febrace). Na feira brasileira, a estudante ganhou várias premiações, inclusive a qualificação para a Intel ISEF 2018 (a maior feira de ciências do mundo), que aconteceu em Pittsburgh – EUA, na última semana. Na feira mundial, ela recebeu dois prêmios especiais: bolsa de estudo para duas universidades dos Estados Unidos (Universidade do Arizona e Universidade Estadual do Arizona).