Extração do óleo do pequi é tema de dia de campo
Iniciativa pretende criar usina de beneficiamento do fruto
Publicada em 22/08/2018 ― Atualizada em 14 de Novembro de 2024 às 13:33

Um dia de campo organizado pela Embrapa Agroindústria Tropical, de Fortaleza, apresentou a produtores de pequi da região do Cariri tecnologias de extração do óleo da polpa e da amêndoa do fruto. A atividade, realizada em parceria com o IFCE na agroindústria do campus de Crato, faz parte de um projeto para estimular o beneficiamento do pequi na região.
Nativo do Cariri, o pequi é rico em vitamina A e tem características antioxidantes e anti-inflamatórias. O próprio fruto e o óleo extraído dele são tradicionalmente utilizados na culinária da região e podem também ser matéria-prima na produção de cosméticos.
Segunda Elisabeth Barros, pesquisadora da Embrapa, a tecnologia repassada no dia de campo é a de extração do óleo a frio por centrifugação, que preserva as propriedades do fruto. "A ideia é repassar uma tecnologia limpa. A técnica utilizada atualmente na mata ainda queima madeira da floresta, o que não é, hoje em dia, ambientalmente aceitável. O óleo também não perde os nutrientes, o que agrega valor ao produto".
Helenira Ellery, pesquisadora da área de sociologia rural da Embrapa, explica que, para caracterizar a inovação, os produtores precisam se apropriar das técnicas: "Cada vez é crescente a ideia de que, para os agricultores se consolidarem, eles precisam agregar valor, construir seus mercados e diminuir a dependência de insumos". Para ela, é preciso também compartilhar experiências positivas entre as comunidades.
O dia de campo organizado pela Embrapa é uma das etapas de um projeto maior, coordenado pela Prefeitura do Crato e realizado em parceria com outras entidades ligadas à agropecuária na região. Além do campus de Crato do IFCE e da Embrapa Agroindústria Tropical, estão envolvidos na iniciativa a Ematerce, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agrário e Recursos Hídricos do Crato e o Instituto Flor do Pequi, assim como diversas associações de produtores rurais.
A ideia é implantar uma agroindústria de beneficiamento do pequi na Baixa do Maracujá, localidade na zona rural do Crato, como forma de fortalecer a cadeia produtiva do fruto na região. No projeto, o papel do IFCE é articular e criar pontes entre as instituições participantes, como explica a professora Francinilda Araújo: "Nossa articulação é feita para que as comunidades e o poder público olhem para o pequi com bons olhos, um fruto nativo e de importância econômica". A próxima etapa é a criação de um grupo de trabalho para implementar a usina.
Segundo o produtor rural Antônio da Hora, da Baixa do Maracujá, a agroindústria é uma demanda antiga dos moradores da região: "Há vários anos a gente vem lutando para implantar uma beneficiadora na comunidade. Sabemos que na Chapada do Araripe o carro-chefe é o pequi, e isso vai nos trazer, pelo menos, a sustentabilidade das famílias".