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Neabi de Cedro emite nota em homenagem ao Dia do Índio

Núcleo reforça compromisso com a causa indígena

Publicada em 19/04/2021 Atualizada em 14 de Novembro de 2024 às 13:59

Em alusão ao Dia do Índio, o Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI) do IFCE, campus Cedro, emitiu nota sobre a data. Abaixo está a íntegra do texto:

"O dia 19 de abril é considerado, desde o Decreto-lei nº 5.540, de 2 de junho de 1943, o “Dia do Índio”. Resultante das discussões do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, reunido no México, em 1940, a data foi utilizada ao longo dos anos como estratégia de propagação de um ideal romântico do que significa ser indígena: um ser selvagem, estereotipado, que não sabe falar a língua do colonizador, de olhos puxados, pele marrom, cabelos lisos e quase sempre nu.

As escolas reproduzem esse estereótipo, pintando as crianças, produzindo cocares e reproduzindo trejeitos erroneamente relacionados aos povos indígenas, como uma forma distorcida de homenageá-los.
Esse estereótipo demarcado pela palavra “índio”, porém, é um instrumento de violência, de destituição de direitos, de apagamento de passados, de homogeneização dos sujeitos e de desarticulação da manifestação política dos povos indígenas.

É por esse e outros motivos que o dia 19 de abril é tão criticado pelos próprios indígenas. Daniel Munduruku, em entrevista ao G1, disse uma vez que ao comemorar o Dia do Índio, “[…] estamos comemorando uma ficção, uma ideia folclórica e preconceituosa”, ele afirma que essa data deve ser um momento para refletir, “[…] gerar nas pessoas um desejo de conhecer, de entrar em contato com essa diversidade dos povos indígenas”.
É necessário, portanto, romper com o estereótipo do “índio”, compreender a diversidade dos povos indígenas e das pessoas indígenas elas mesmas. E trazer esse rompimento para dentro da escola, da formação dos estudantes, que precisam entender que as pessoas indígenas existem, que elas estão presentes e não devem ser tomadas como fantasias ou folclores.

É por isso que ações importantes, como o Acampamento Terra Livre, que já há 17 anos mobiliza o movimento indígena, através da ocupação de Brasília na reinvindicação de direitos garantidos na Constituição de 1988, têm buscado ressignificar o mês de abril, agora chamado de Abril Indígena. Outras datas também têm ganhado forças, em janeiro, agosto e dezembro, mostrando que as questões indígenas são questões para o ano inteiro e não limitadas a um dia específico e estereotipado.

O Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI) do IFCE, campus Cedro, na esteira das ações empreitadas neste mês de abril, vem somar forças à causa indígena, buscando lutar pela diversidade, pela inclusão, pela emancipação, pelo empoderamento e por currículos mais ricos que se proponham a abordar de forma crítica e inclusiva as questões étnico-raciais que permeiam a formação dos estudantes".

Anderson Lima-campus do Cedro