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Projeto ensina gestão financeira a crianças

Escola do Dinheiro busca formar adultos mais conscientes

Publicada em 19/12/2017 Atualizada em 14 de Novembro de 2024 às 16:39

Você já imaginou como seria sua vida financeira se você tivesse aprendido a tomar conta do seu dinheiro enquanto ainda era criança? Aliás, qual o papel da criança na economia doméstica? É possível ter consciência do valor do dinheiro quando se é tão jovem?

Motivado por essas e muitas outras questões, um grupo de estudantes e professores do campus de Canindé do Instituto Federal do Ceará (IFCE) criou a Escola do Dinheiro, um projeto de extensão que busca ensinar gestão financeira de forma lúdica e divertida a crianças residentes na zona rural de Canindé.

“Quando uma criança tem esse conhecimento de gestão financeira na escola ou em casa, ela se torna um adulto mais equilibrado financeiramente. Ela tem mais consciência do que se gasta e do que se ganha”, afirma o professor Henrique Leitão, orientador do projeto.

A primeira etapa do projeto consistiu em um estudo de gestão financeira aplicada a crianças. Nessa fase, foi diagnosticada a carência do conteúdo na grade curricular básica durante entrevistas com professores de Ensino Fundamental da rede pública. A partir daí, as bolsistas Claudiane Gomes e Juliana Fausto, dos cursos de Redes de Computadores e Gestão de Turismo, respectivamente, passaram a trabalhar na elaboração de um material didático com apelo visual e linguagem adequada ao público-alvo, inserindo elementos rurais nos exemplos e conceitos para deixar o conteúdo mais próximo da realidade em que as crianças vivem.

Após um ano trabalhando na preparação do material, que conta a história do dinheiro antes de abordar as noções básicas de trabalho, mercado e economia, chegou a hora de aplicar. Neste mês foi ministrada a primeira aula da Escola do Dinheiro com uma turma de 22 crianças entre oito e doze anos de idade no distrito de Ipueira dos Gomes, zona rural de Canindé, onde nasceu Claudiane Gomes, bolsista do projeto.

“Eu vejo que eles têm necessidade. Eu queria ter tido isso no meu ensino fundamental e aqui não tinha como. Então todo projeto que eu consigo trazer para cá eu trago, porque eu sei que eles se beneficiam e isso muda a comunidade”, explica a estudante. “Eu fico feliz de saber que eu estou ajudando a minha comunidade, que eu não estou só levando conhecimento para fora ou guardando para mim, eu estou beneficiando outras pessoas.”

Para Claudiane, educar financeiramente as crianças transforma os futuros adultos. “A gente vê as pessoas crescerem e se tornarem cada vez mais consumistas e não terem dimensão do que gastam. A gente tenta educar essas pessoas e muitas vezes não dá certo. E se a gente trabalha com as crianças essa noção de ter cuidado com o dinheiro, de pensar no amanhã, aquilo já muda a mente da criança e também ajuda em casa”, defende.  “Educar as crianças faz com que amanhã, quando elas se tornarem adultas, elas tenham uma consciência diferente. A gestão financeira para crianças tem esse objetivo: formar adultos melhores e crianças mais conscientes, talvez menos consumistas”. 

Aplicativo para smartphones

A partir das experiências vividas e das pesquisas realizadas em sala de aula com a Escola do Dinheiro, o próximo passo é a criação do Grana, um jogo para smartphones com o mesmo objetivo de ensinar gestão financeira a crianças utilizando elementos rurais. O projeto já foi aprovado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) e será desenvolvido pela bolsista Luciana Almeida, aluna do curso de Redes de Computadores.