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Projeto de judô forma primeiros faixas pretas

Mabell Viana e Júnior Macêdo participam da ação desde o início em 2013

Publicada em 27/02/2019 Atualizada em 14 de Novembro de 2024 às 16:34

Em japonês, a palavra “judô” significa “caminho suave”. Por ser uma arte marcial praticada como esporte de combate e técnica de defesa pessoal, o senso comum pode ter dificuldade para compreender o princípio da suavidade. Contudo, bastam poucos minutos de conversa com judocas para encontrar, na prática, a serenidade proposta.

Carla Mabell Viana e Júnior Macêdo são prova disso. Licenciados em Educação Física pelo Instituto Federal do Ceará, os dois são os primeiros faixas pretas formados pelo projeto de extensão “Judô: um caminho para o esporte”, em atividade desde 2013 no campus de Canindé.

Após seis anos de prática contínua, o que antes parecia o nível máximo representa para ambos os judocas o início de uma jornada. “Depois que você conhece a parte filosófica do judô, começa a perceber que a faixa preta é só o começo de tudo. Quanto mais eu treino, mais eu percebo que menos eu sei”, conta Júnior, um dos primeiros alunos do projeto.

“Para mim, como mulher, é uma realização chegar à faixa preta. É uma distinção de quebrar vários tabus dentro da modalidade, julgada como uma não feminina”, afirma Mabell. Para ela, abrir mão de algumas vaidades estéticas é necessário, mas recompensador na jornada em busca de “um sonho maior”.  

Equilíbrio

O judô é uma arte marcial que busca fortalecer o físico, a mente e o espírito de forma integrada. “A primeira lição que a gente aprende no judô é a cair, não a derrubar. E dentro dessa arte, a gente aprende a levantar não só dentro do tatame, mas também fora, seja em obstáculos que a gente encontra ou dificuldades que a gente passa”, explica Júnior Macêdo.

Carla Mabell ressalta o caráter familiar da modalidade, que contribuiu para que ela, oriunda do jiu-jitsu, se encantasse pelo caminho suave. “A gente preza muito pelo nosso companheiro: a minha evolução depende da evolução de com quem eu estou treinando. No judô eu via que não estava sozinha, mas que eu precisava de outra pessoa para continuar crescendo”, destaca.

Para os dois novos faixas pretas, a filosofia da arte marcial foi um diferencial para a formação docente. “O meu comportamento mudou muito depois do início da prática do judô. Antes eu poderia dizer que eu era menos comprometido com muita coisa, até a ideia de ser professor eu não estava levando tão a sério. E depois eu comecei a melhorar alguns pontos relacionados à prática pedagógica: o que o judô me trouxe eu levei para dentro da sala de aula”, relata Júnior Macêdo, hoje professor substituto no campus de Fortaleza do IFCE.

“Praticar o judô é uma evolução não só física, como mental”, resume Mabell Viana. Hoje sensei dos próprios alunos, ela foi uma das primeiras bolsistas do projeto, o que contribuiu para sua permanência na modalidade e também na graduação. “Para mim, o princípio do judô é cair para levantar e levantar para cair. Então não importa quantas vezes eu vá cair, quantos obstáculos vão surgir, eu sempre estarei preparada para me reerguer e continuar caminhando”.

Caminho suave em Canindé

O campus de Canindé mantém desde 2013 o projeto de extensão do "caminho suave", sob coordenação do professor e judoca Eduardo Pereira. A ação oferece gratuitamente às comunidades interna e externa a chance de praticar o esporte. Para participar basta comparecer a uma das aulas, sem necessidade de inscrição prévia; os encontros são realizados às segundas, quartas e sextas na quadra poliesportiva, das 12h às 14h. A idade mínima é de 13 anos e não é preciso possuir quimono no início dos treinos.