Egressa é aprovada para mestrado em Brasília
Lindauriane Vieira antecipou a conclusão da licenciatura para ingressar na pós-graduação
Publicada em 28/03/2019 ― Atualizada em 14 de Novembro de 2024 às 16:38

Aos 16 anos e ainda no 2º ano do Ensino Médio, Lindauriane Vieira arrumou as malas e saiu de Aratuba para cursar licenciatura em Matemática no campus de Canindé do Instituto Federal do Ceará. Aos 20 anos e no início do oitavo semestre do curso, ela novamente preparou a bagagem e partiu rumo ao Distrito Federal para ingressar no Mestrado em Matemática da Universidade de Brasília (UnB).
“Na Matemática existe o princípio da indução finita: se serve para um ‘N’ e serve para um ‘N+1’, vai servir para todas as etapas. Um professor brincou: ‘se você adiantou o Ensino Médio para entrar na graduação de forma precoce, vai que isso ocorre no mestrado?’ Isso foi há dois semestres. E não é que deu certo?”, conta Lindauriane.
A egressa lembra que o amor pela Matemática começou cedo, ainda no sétimo ano do Ensino Fundamental, em uma aula sobre equações de primeiro grau. O encanto pelos números era proporcional ao esforço nos estudos. “Eu procurava antecipar as aulas para chegar e só tirar as dúvidas, quando a prova era daqui a um mês já começava a tentar resolver as questões para poder me preparar, porque tem que praticar muito”, relata.
Embora sempre tenha sido dedicada, Lindauriane conta que esse comportamento na rotina como aluna deve muito à influência do professor Diego Ponciano, seu orientador e “pai na Matemática”. Foi ele quem a incentivou a adiantar conteúdos e disciplinas, a avançar no curso, e a apresentou à teoria dos números transcendentes, seu tema do trabalho de conclusão de curso.
“Ela mostrou que queria saber cada vez mais de Matemática, queria se aprofundar e que queria estar sempre estudando”, conta o professor. “Quando eu fiz a proposta do tema do TCC, até apresentei a ela um livro a nível de mestrado e doutorado, ela nem piscou os olhos. Só folheou algumas páginas e disse ‘aceito’”.
Quando ainda estava cursando o sexto semestre da graduação, ou seja, faltando ainda dois para concluir, Lindauriane defendeu o TCC e se inscreveu no processo seletivo para o mestrado em Matemática como um teste, encorajada não somente pelo orientador da graduação, mas também pela professora Eliane Silva, membro da banca de defesa e docente na própria UnB. Quando o resultado é publicado, ela não se desanima ao ver que seu nome não está na lista. Porém, no dia seguinte, recebe um e-mail da universidade: graças ao seu perfil acadêmico, estava convidada e autorizada a fazer a escola de verão, uma espécie de curso intensivo de dois meses com disciplinas da pós-graduação. Pouco tempo depois, já no início do oitavo semestre de curso, vem o desfecho de uma etapa da sua história: foi aprovada e Brasília está à sua espera.
“A Lindauriane tem o perfil para lecionar, porque se preocupa em como o aluno está estudando, como ele está aprendendo, e agora vai ter também essa vertente para a pesquisa. O mestrado vem a complementar a formação dela e no futuro teremos uma grande matemática que também se preocupa com a formação dos seus alunos”, avalia o professor Diego Ponciano.
Participando de grupos de estudo e antecipando as avaliações finais, Lindauriane consegue o necessário para a colação de grau especial e o sonhado diploma de licenciada. Para ela, o sonho está só começando. “O professor transforma vidas”, afirma. “E se o propósito da minha vida for realmente ser professora de Matemática, eu acredito que isso vá acontecer, à medida que eu me esforce”.