Neste dia da mulher, para além das homenagens, acredito que seja um momento de reflexão sobre a situação da mulher no Brasil e o quanto as relações sociais históricas podem favorecer ou dificultar nossas trajetórias.
Na pandemia temos acompanhado que problemas estruturais existentes no Brasil tornaram evidente as desigualdades de gênero, onde as mulheres têm sido afetadas por vários motivos, a exemplo dos índices de violência contra a mulher e feminicídios que infelizmente têm aumentado 22% nesse período. No Brasil, onde mais de 11 milhões de mulheres são chefes de família e se desdobram para conciliar trabalho, filhos, falta de dinheiro e sanidade mental, o impacto da pandemia agravou a situação de desemprego e renda dessas mulheres.
Outros dados nos dão o retrato da falta de representatividade feminina nos espaços de poder, onde apesar da maioria da população e do eleitorado ser formada por mulheres os espaços de decisões políticas têm sido majoritariamente ocupados por homens, e as poucas mulheres que ocupam esses espaços sofrem com discriminações e o silenciamento de suas opiniões.
O Brasil tem um dos piores índices de desigualdades entre homens e mulheres na América Latina, segundo pesquisa da Insper. No mercado de trabalho, mulheres ganham cerca de 20,5% menos que homens, desempenhando as mesmas funções. Nas organizações, apenas 3% das mulheres ocupam cargos de liderança.
No IFCE, apesar de alguns avanços em termos de representatividade feminina, ainda é baixo o número de mulheres que ocupam posição de liderança em nossa instituição o que demonstra que ainda há muito o que ser feito para reduzir a desigualdade entre gêneros.
Esses são alguns dos dados que retratam a luta diária das mulheres e o avanço que ainda precisamos dar em relação à igualdade de direitos entre gêneros.
Por fim, minha provocação é que essa data se estenda por todo o ano e que seja um ponto de partida para mudanças de atitudes, mais uma vez, reflita sobre o que você tem feito para favorecer ou agravar a desigualdade de gênero! Desejo que os leitores possam adotar comportamentos que favoreçam uma sociedade que reconheça e valorize as mulheres, que nos ofereça segurança e dignidade e que nos permita ocupar os espaços e lugares que desejarmos.
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Texto da professora Cristiane Florêncio, mulher negra, mãe, feminista e docente do campus de Acaraú, na área de gestão.