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Evento abordou impacto da Covid junto aos indígenas do Norte cearense

O evento virtual, realizado pelos Neabis do IFCE, contou com o debate de pesquisadores, estudantes e indígenas

Publicada em 18/09/2020 Atualizada em 14 de Novembro de 2024 às 11:20

Nos dias 16 e 17 de setembro, foi realizado o evento online “O impacto da COVID 19 nos territórios indígenas da Região Norte do Estado do Ceará”, promovido pelos Núcleos de Estudo Afro-brasileiro e Indígena - Neabis do IFCE que compõe os campi da região Norte: Acaraú, Camocim, Itapipoca, Sobral e Tianguá. O evento foi transmitido pela plataforma do YouTube, contando com a participação de 70 espectadores durante os dois dias.
Conforme a professora Cristiane Florêncio, coordenadora do Neabi do campus de Acaraú, a iniciativa para a promoção desse evento surgiu devido "às angústias provocadas por este contexto de pandemia e crise sanitária que ocorre no mundo e vem afetando fortemente as populações tradicionais e as regiões interioranas do Ceará e diante da necessidade institucional, social e intelectual de promover debates reflexivos acerca do impacto da COVID-19 para estas comunidades", destacou.
O primeiro dia de evento contou em sua programação com mesa redonda com discussão sobre contexto da pandemia da COVID 19 para as populações indígenas da região Norte. Os trabalhos foram mediados pela servidora Maria de Jesus, coordenadora do Neabi do campus de Tianguá e tendo como debatedores o historiador Carlos Augusto (UVA) e o Neto Pitaguary, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Estado (Condisi) e representante da etnia Pitaguary.
Dando continuidade ao evento, no segundo dia foi realizada mesa redonda com a discussão sobre o contexto histórico da população indígena da região Norte. Os trabalhos foram mediados pelo professora Elisângela Sousa, vice-coordenadora do Neabi do campus de Acaraú. O evento iniciou com o convidado Daniel Sá, professor de história na Escola de Ensino Médio Tancredo Nunes de Menezes, de Tianguá-CE. O docente trouxe à tona a história dos povos indígenas da região Norte do Ceará e, em seguida foi a vez da exposição dos representantes do povo Tremembé e Tapuya Kariri, etnias que povoam a região norte do Ceará. Esse espaço trouxe as narrativas de Luiz Nascimento, Presidente da associação indígena Tapuya Kariri (São Benedito-CE), de Erbene Veríssimo, Cacique Tremembé da Barra do Mundaú (Trairi-CE) e do Itamar Barbosa, representante da Comunidade Indígena Tremembé Córrego João Pereira, que possui território em Acaraú e Itarema, sobre a história de auto identificação identitária do seu povo, suas lutas por território e acesso à direitos e mais recentemente sobre a realidade das comunidades diante da covid-19.
Para a professora Cristiane Florêncio, coordenadora do Neabi do campus de Acaraú, o momento cumpriu seu propósito de "aproximar a comunidade da realidade do povo indígena da região Norte do Ceará, sua origem, seus problemas, suas lutas e especificamente o impacto que a Covid-19 trouxe às comunidades tradicionais, agravando situações anteriores a pandemia. Acredito que a promoção de espaços como esses devem continuar existindo para gerar debates reflexivos a cerca das especificidades do novo posso e para combater o racismo e outros tipos de discriminação que trazem impactos negativos para as populações indígena e negra”, disse.
Conforme o indígena Luiz (Tapuya Kariri), a pandemia veio para "revolucionar e tomara que ela deixe o ser humano mais humilde e pensando no próximo e as vezes o egocentrismo prevalece", afirmou.
Para Erbene (Tremembé do Mundaú), a pandemia fica como aprendizado. "Para nós e para muitos acho que foi um aprendizado a gente passar por diversas situações, para que a gente possa ser mais solidário um com outro, mudar de atitude, muitas pessoas tenham convicção de que o dinheiro não é tudo na nossa vida, que o dinheiro não compra a vida, não compra a solidariedade, ser mais humilde, porque pra mim foi um aprendizado", opinou.
Para Itamar (Tremembé do Córrego João Pereira), a comunidade indígena sofreu e sofre com a pandemia, mas a partir daí fica mais forte. "Sofremos, estamos sofrendo, perdemos pessoas, no entanto, nós temos que tirar algo de bom, nós temos que ver também essa coisa da pandemia pelo outro lado pelo lado da união, pelo sofrimento a gente ficar mais forte e não mais fraco", ratificou.
Para o historiador Daniel Sá, é necessário o Poder Público e Instituições pensarem, nesta fase delicada de pandemia, em alternativas juntamente com as comunidades indígenas, que devem ser vistas como um lugar que "deve ter um cuidado especial pelas autoridades, que devem se mobilizar para fazer acontecer as políticas públicas e de reafirmação e defesa dos indígenas, com visita às comunidades e com o estabelecimento de um diálogo mais forte com as etnias", reforçou.

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