Cartilha sobre povos é lançada em Acaraú
O trabalho apresenta relatos de moradores de Telhas e Queimadas e dos quilombolas da comunidade de Iús
Publicada em 29/03/2019 ― Atualizada em 14 de Novembro de 2024 às 13:45

O campus de Acaraú do IFCE foi palco, na tarde de 27 de março, do lançamento da Cartilha "Povos Tremembé e Remanescentes de Quilombo vivendo em Acaraú: Histórias de Luta por Direitos e Reconhecimento". A obra é fruto de projeto de extensão e conta com relatos de moradores das comunidades indígenas Tremembé, do município de Itarema, e dos remanescentes de Quilombo, de Acaraú.
Conforme a organizadora da Cartilha, Maria do Carmo Walbruni, assistente social do campus, um dos grandes objetivos do trabalho é socializar os costumes, crenças, valores e cultura dos povos indígenas e quilombolas da região do Vale do Acaraú e levar pessoas, especialmente da região, a tomar ciência desses povos e de como vivem. "Até porque é importante ficarmos por dentro de sua realidade e de sua importância histórico-cultural para nossa região", defendeu.
Para a bióloga formada pelo campus, Sabrina Ribeiro, bolsista do projeto de execução da cartilha, o trabalho acaba contribuindo para o "reconhecimento dos povos indígenas e quilombolas, uma vez que muitas pessoas não sabem que existem esses povos dotados de rica cultura e que fazem parte da nossa história, então o reconhecimento deles é a parte mais importante que esse trabalho nos trouxe", destacou.
Outra bolsista do projeto, Mayane Rocha, acadêmica do curso de Ciências Biológicas da unidade acarauense, ressaltou que a participação na elaboração da cartilha foi de suma importância à sua formação, pois "nós passamos a conhecer acerca da realidade desses povos, porque os indígenas e quilombolas fazem parte da nossa história, e fazem parte do nosso povo, somos um povo só com várias culturas. Eles agora fazem parte da nossa história, agora cabe a nós fazer parte da história deles", disse.
O campus de Acaraú do IFCE apresenta um Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi), que insere no currículo as potencialidades e a realidade dos povos indígenas e afrodescendentes. Núcleo este que estimula trabalhos como o da Cartilha. Para a vice-presidente do Núcleo, professora Elisângela Sousa, a obra de Extensão reveste-se de uma relevância sem igual. "A importância é imensa a nível de região, esse trabalho é o primeiro e nós, do IFCE, ficamos muito alegres no âmbito desse contexto, fortalecendo as lutas fomentadas pelo Neabi. Esse trabalho ajuda até mesmo no reconhecimento de algumas comunidades e também leva para a realidade da sala de aula a realidade indígena e quilombola, mostrando para a sociedade como vivem esses povos na atualidade, dando voz e vez a esses povos", referenciou.
Para o diretor-geral do campus de Acaraú, Manoel Paiva, um dos grandes pontos relevantes da Cartilha é o resgate das memórias dos povos indígenas e quilombolas, até mesmo para as escolas regulares disporem desse rico material que leva o conhecimento dessas comunidades, "que muitas vezes são marginalizadas ou subjugadas. Desta feita, trabalhos como esse levam ao vislumbre da riqueza desses povos vindo a universalizar esse conhecimento na região e a quem tenha acesso", reforçou.
Exemplares da Cartilha serão distribuídos nas escolas regulares tanto a nível estadual como municipal, incluindo as escolas diferenciadas indígenas e comunidade quilombola, a fim de que tenham o conteúdo trabalhado de forma transversal e de resgate histórico-cultural. "Vamos buscar fortalecer as parcerias com vistas a socializar esse rico conteúdo e, assim, levar ao maior número de pessoas a grande riqueza dos nossos povos indígenas e quilombolas", referenciou Maria do Carmo Walbruni.